segunda-feira, junho 05, 2006

teima
jorra tua corrente fervilhante nos cabos incrustados do cais. imagina que ali se perderam tantos trapos na outra semana que até deu pra fazer um lençol. sexta passou uma moleca que não sabia para onde ir e a ensinei o caminho da sorte. depois de dois dias me aparece ela sem camisa. que seios lindos, fiquei a imaginar, e era apenas essa imaginação que me vinha. de resto, sobre o que havia provocado, pensei de cabeça enterrada no gelo seco, como respirando oxigênio puro, me preocupando com as sensações que isso me provocava.

ainda ela não voltou. talvez nunca mais volte. a mim me parece quase como somente mais um fato. foram e são tantos fatos. dar o mesmo peso a todos os fatos parece ser uma boa medida. chorar pelo leite derramado, pensar na morte da bezerra.. se tudo isso tem tanta importância, aqueles seios, seu sorriso ao chegar, seu desamparo ao sair, os sentimentos incompreensíveis que deixou em minha alma.. isso não passará de território alheio, cinco minutos antes chegando do campo de centeio.

dejedeser, 23abril2006.